OPINIÃO
Sete dias
do novo governo Rollemberg e o que de concreto se pode observar é que a paciência
do cidadão pode ter ficado menor.
O eleitor,
cidadão comum, já se acostumou com o “ter que dar um tempo” para um novo
governo quando ele começa. Formar sua equipe para fazer um balanço da situação
e, a partir daí, arrumar a casa tem sido a receita aprendida. Tarefa que, em
alguns governos, já consumiu mais de um ano, mesmo que todo governo tenha
obrigação de saber que o Estado é um contínuo que não pode e não deve parar,
pois é a sociedade que sofre as consequências. Mas o eleitor tem esperado
pacientemente. No caso do novo governo Rollemberg, no entanto, a situação poderá
ser bem diferente.>>>
Eleito com o
voto dos descontentes com o governo Agnelo; com os votos marinistas
esperançosos e emocionados no pós-morte de Eduardo Campos e fugindo de uma
reprise com a turma arrudista, o governo Rollemberg arregimentou movimentos,
entidades, associações e representações abandonadas nos quatro anos do seu
antecessor.
Passado o
susto da derrota e da vitória, próprios dos que se aventuram na onda misteriosa
das urnas, o novo governo Rollemberg debruçou-se nos sessenta e seis dias de
transição que se seguiram. Reuniões, levantamentos, números e a população
esperando.
Das entranhas
do velho governo, o monstro do rombo no caixa ganhou as páginas dos jornais,
tristemente confirmado pela falta de dinheiro para pagar as contas dos
trabalhadores e honrar contratos em andamento. Esperar foi a solução.
Transmitido
o cargo e renovadas as esperanças, a população sintonizada assistiu os sete
primeiros dias do governo Rollemberg. Pouco tempo para querer soluções,
disseram e dizem os que compreendem a enorme e difícil tarefa de governar o
Distrito Federal.
Mas,
silenciados os rumores dos derrotados, dos críticos contumazes e dos céticos de
sempre, os insuficientes sete dias para solucionar os problemas podem ter sido
suficientes para ver o rascunho do futuro do Distrito Federal.
Falta de
pessoal para compor o governo. Nomeação de pessoas sem conhecimento da máquina
pública ou com problemas que deveriam ter sido identificados antecipadamente.
Quarto e quinto escalões alçados a cargos relevantes por estranhas afinidades
pessoais. Exoneração de novos nomeados que nem tiveram tempo de colocar o
paletó na cadeira. Provisórios por todo lado e pessoal contratado “sem ônus”
rechearam o diário oficial do GDF. A justificativa política foi a composição de
uma equipe técnica, glamourizada pelos baluartes da UnB, cujo caos de
incontáveis administrações não valoriza currículos. E seguem os sete dias, sob
a batuta de sete decretos iniciais do governo.
Assustados
com a reação saudável das periferias, que ecoaram a promessa do candidato
Rollemberg na indicação dos administradores das cidades, o governo nomeou sete
interinos para assumir trinta e uma administrações regionais. As cidades já
estavam abandonadas. A partir de qualquer uma delas, não é possível gerir todas
as outras. Também não é possível que o nomeado faça um “rodízio de gestão”,
visitando uma a uma das administrações sobre sua responsabilidade. Resultado:
paralisação dos serviços públicos e incontáveis prejuízos para as comunidades.
Tendência
de unificar essas administrações é outra leitura que se pode fazer da medida
extraordinária de ajuntamento de administrações. Mas isso seria uma enorme
contradição entre o discurso do candidato Rollemberg – que prometeu eleições
diretas e, inicialmente, ouvir as entidades na indicação dos administradores, e
o governo Rollemberg.
Claro dizer
que o jogo é difícil para o governo, mas a promessa feita por um Senador da
República não pode ter como solução “colocar a bola debaixo do braço” e acabar
com a partida, que seria pior do que a derrota do Brasil pra Alemanha na Copa
por 7 x 1. Analisar cada caso e dialogar é o que se espera enquanto não sai da
gaveta a solução que, certamente, o candidato Rollemberg guardou para
aventurar-se nessa proposta que angariou milhares de votos nas regiões
administrativas do DF.
Não se
acerta em sete dias. Mas, se são sete dias de erros e desacertos, eles poderão
se transformar nos sete dias que podem abalar o Distrito Federal.
Chico
Morbeck
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