domingo, 16 de fevereiro de 2014

JUDICIÁRIO BRASILEIRO: CARO E INEFICIENTE

Leitor, com o orçamento aprovado para 2014 abaixo, faça um pequeno esforço e reorganize os investimentos do país de acordo com suas prioridades:


DESTINAÇÃO DE VERBAS FEDERAIS EM 2014
Valores em Bilhões de Reais
Previdência Social (aposentadoria, seguro etc)
473,5
Saúde
92,3
Educação
81,2
Assistência Social
68,1
Trabalho
64,2
Defesa
37,4
Poder Judiciário
34,5
Transporte
24,4
Agricultura
23,6
Habitação, Urbanismo e Saneamento
9
Ciência e Tecnologia
8,7
Gestão Ambiental
8,5
Segurança Pública
8,2
Indústria, Comércio e Serviços
7,3
Organização Agrária
4,9
Cultura
2,5
Relações Exteriores
2,1
Energia
2
Comunicações
1,6
Direitos da Cidadania
1,6
Desportos e Lazer
1,5


Judiciário do Brasil vai custar quase R$ 100 milhões por dia em 2014

Judiciário do Brasil vai custar quase R$ 100 milhões por dia em 2014

BRASILIA/BRASIL - "Nunca antes na história desse país" o Judiciário brasileiro foi acompanhado tão de perto pelo povo brasileiro. O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal trouxe à tona a importância das decisões desse poder, as discordâncias entre ministros e finalmente colocou gente poderosa atrás das grades. Os custos para mantê-lo, no entanto, não são baixos. Segundo a previsão orçamentária para 2014, o Judiciário deve custar R$ 94,4 milhões por dia.

Os valores constam no projeto de Lei Orçamentária Anual para o ano que vem. Segundo a previsão, o Judiciário custará R$ 34,4 bilhões aos cofres públicos em 2014. O levantamento realizado pelo Contas Abertas levou em consideração o orçamento do Conselho Nacional de Justiça, as justiças do Trabalho, Eleitoral, Federal e Militar da União.>>>

Além disso, também foram contabilizados os orçamentos do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, e, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Os valores computados não levaram em consideração possíveis emendas incorporadas ao orçamento aprovado.

A maior parcela dos gastos referentes ao Judiciário são destinados ao pagamento de pessoal e encargos: R$ 26,2 bilhões estão previstos para o ano que vem. A segunda maior previsão de dispêndios" é com "outras despesas correntes", que devem ser de R$ 6,9 bilhões. Os gastos com essa categoria de despesas são para a manutenção das atividades dos órgãos. Os exemplos mais típicos de compras são material de consumo, material de distribuição gratuita, passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de obra, arrendamento mercantil, auxílio-alimentação, etc.

Já os investimentos previstos para o próximo ano devem chegar a R$ 1,3 bilhão. O valor será destinado a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, transporte, infraestrutura).

A esfera que lidera o ranking de gastos no Judiciário é a Justiça do Trabalho. Com o Tribunal Superior do Trabalho, 24 Tribunais Regionais e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho serão gastos R$ 15,3 bilhões em 2014. Cerca de 81,3% dos recursos serão destinados ao pagamento de pessoal e encargos. O restante está divido entre despesas correntes (R$ 2,3 bilhões) e investimentos (R$ 584,3 milhões).

O segundo maior orçamento é da Justiça Federal, que deverá contar com R$ 8,9 bilhões.

A Justiça Federal tem competência para o julgamento de ações nas quais a União, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais figurem como autoras ou rés, bem como intervenientes de qualquer natureza. Os recursos estão divididos entre Justiça Federal de Primeiro Grau (R$ 7,1 bilhões) e para os tribunais federais na 1º, 2º, 3º, 4º e 5º região, que possuem orçamento de R$ 400,7 milhões, R$ 340,3 milhões, R$ 504,7 milhões, R$ 308 milhões e R$ 192 milhões, respectivamente.

A Justiça Eleitoral, que possui 29 unidades orçamentárias vinculadas, é a terceira maior força em termos orçamentários, com a previsão de gastos em torno de R$ 5,9 bilhões. A Justiça Militar da União tem orçamento projetado em R$ 434,7 milhões.

Tribunais

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) possui previsão de R$ 2 bilhões para serem utilizados no orçamento de 2014. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) irá contar com R$ 564,1 milhões para o ano que vem, dos quais R$ 324,1 milhões serão destinados ao pagamento de pessoal e R$ 200,6 milhões para outras despesas correntes. Já o Superior Tribunal de Justiça (STJ) contará com orçamento de R$ 1,1 bilhão no próximo exercício.

Outros números

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou, em outubro, a pesquisa Justiça em Números 2013. O levantamento faz anualmente uma radiografia detalhada do Poder Judiciário do país. De acordo com os dados, referentes a 2012, de cada 100 processos somente 30 foram baixados. Entre as conclusões da pesquisa, o CNJ aponta que o principal problema da Justiça é a dificuldade de solucionar processos antigos.

De acordo com o estudo, em 2012, 92 milhões de processos tramitaram na Justiça, e a taxa de acúmulo de ações ficou em 70%, número estável em relação a quatro anos anteriores. Segundo o CNJ, a taxa é elevada devido à pendência de processos que estão na primeira instância do Judiciário. A aglomeração sobe para 80% nas ações em fase de execução.

"O crescimento da demanda não tem possibilitado que esforços para julgar e baixar processos sejam suficientes. Mais especificamente, ao se analisar o crescimento do quantitativo dos casos novos junto com os indicadores de magistrados e servidores, observa-se que a maioria dos tribunais, com exceção da Justiça Federal, não consegue dar vazão aos processos em relação ao estoque existente", concluiu o levantamento.

Os processos de execução fiscal representam 32% de toda a tramitação do Poder Judiciário, além de 40% do estoque pendente. São as ações que mais demandam o Judiciário. "A principal dificuldade da execução fiscal consiste na liquidação do estoque que cresce ano após ano. De cada 100 processos em tramitação, apenas 11 são baixados no decorrer do ano", aponta a pesquisa.

Segundo o Justiça em Números 2013, o acúmulo de processos se concentra na Justiça Estadual. "Verifica-se nesse ramo relativa desproporcionalidade dos recursos financeiros e humanos em comparação aos litígios, já que (a Justiça Estadual) conta com 55% das despesas do Poder Judiciário Nacional, 70% dos magistrados, 66% de servidores, no entanto, concentra 78% dos processos em tramitação", expõe o relatório.

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU

Veja: O projeto apresentado que sofreu pequenas mudanças: 
http://www.orcamentofederal.gov.br/educacao-orcamentaria/ofat/Revista_OFAT_2014_WEB.pdf
Consulta em detalhes (Despesas do Judiciário a partir da páginas 137 a 152):
http://www.orcamentofederal.gov.br/orcamentos-anuais/orcamento-2014/loa/Volume%20I%20-%20Consolidado.pdf