Deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ |
chamento, tipificado no art. 287″ do Código Penal. Isso porque, ao divulgar notícia de que um jovem suspeito de assalto fora amarrado a um poste no Rio de Janeiro, a jornalista defendeu a ação dos agressores do jovem e, entre outras coisas, classificou o fato como desmoralização da polícia diante da omissão do Estado, afirmando ser “compreensível” que “cidadão de bem” reagissem. Para completar ela chamou o adolescente de marginal e pediu, em tom de deboche, aos grupos de defesa de direitos humanos que estavam com “pena” do garoto para adotarem o “bandido”.>>>
Deve-se
dizer que a âncora do SBT, de nome Rachel Sheherazade, não foi feliz na
sua análise do fato, pois que se exige do jornalista um certo “distanciamento”
da notícia, para que o próprio telespectador possa tirar suas conclusões. Também
esclarecer que sou adepto do pensamento que reconhece como danoso o baixo nível
da TV brasileira, que tem se rendido ao sensacionalismo para obter maior
audiência.
No
entanto, duas questões de maior vulto, oriundas da iniciativa da deputada
Jandira Feghali, nos obrigam a analisar a questão com maior profundidade. A
primeira, que exige a punição de Rachel Sheherazade diante do cometimento
do crime de “incitação à violência” e a segunda, que pede a “suspensão do
repasse de verbas oficiais ao SBT”.
O
PCdoB, para quem conviveu com ele, ao lado dele ou o estudou, sempre teve um
desprezo político pelo povo, pois é signatário do princípio de que “o papel do
partido é dirigir as massas”, como preconizava Stalin. Partido são os
dirigentes e massas é o conjunto dos operários que, para eles, não tem capacidade
de se auto-gerir. Hoje, contrariando a crítica Leninista aos Mencheviques, para
subtrair-se da classificação de massa ignara, alcançando a capacidade de
auto-gerir-se, basta ao cidadão filiar-se ao PCdoB, claro. Nesse caso, para
Jandira Feghali, Rachel Sheherazade é massa ignara.
Estranhamente desatenta, a bravata midiática autoritária da deputada Jandira
Feghali, supostamente em defesa dos direitos humanos, alinha-se perfeitamente
aos interesses dos Estados Unidos, que usa o mesmo mote para invadir economias
e derrubar governos pelo mundo afora. Sem falar no fato de que, ao propor o
massacre do Estado sobre Rachel Sheherazade - que deve ser “exemplar”, nas
palavras de Luiz Eduardo Greenhalgh no Twitter, a sanha punitiva mancha a história dos mártires do
PCdoB que deram suas vidas à luta contra o autoritarismo do Estado, entre eles Angelo
Arroyo, Pedro Pomar e José Drummond, mortos pela ditadura em 1976 no bairro da
Lapa em São Paulo.
Por outro lado, falta coerência à deputada Jandira Feghali que, diante
das acusações de desvio de dinheiro público praticadas por membros do seu
partido no Ministério do Esporte - ainda sob investigação, não propôs que o
Fundo Partidário suspendesse o repasse de verbas para o PCdoB até que fosse
terminado o inquérito. Como também não propôs o mesmo diante das denúncias de
negócios escusos do governo com a Rede Globo. O que nos permite intuir que a
proposta para suspender, antecipadamente, os repasses oficiais de verbas para o
SBT, antes de qualquer decisão judicial sobre o assunto, tem caráter absolutamente
político-autoritário e midiático. Ninguém tem dúvida que outras emissoras já
tenham cometido crimes, seja de incitação ou de apologia à violência – fato tão
explícito que um adolescente de 14 anos fez questão de alertar-me na semana
passada. Por que ela não propôs o mesmo contra as outras emissoras?
Ainda
cabe dizer que a incoerência beira ao abismo quando observa-se que a deputada
Feghali nada vê de errado no “financiamento público dos meios de comunicação
pelo Estado” – fator que contamina o exercício da liberdade de imprensa. Pelo
contrário, revela seu oportunismo de valer-se desse Estado-Governo que ela
endossa, para tentar subjugar a imprensa, ameaçando suspender a transferência
de verbas oficiais ao SBT.
Moralmente
falando, é lamentável que a deputada Jandira Feghali jogue na lama a história
de seu partido, o PCdoB, que durante décadas pregou a violência da luta armada
para chegar ao poder no Brasil, inclusive com diversos “companheiros” mortos, presos
e torturados pela ditadura militar em razão disso. O que pode ser uma opinião
jornalística diante de décadas de pregação, organização e incitação à violência
revolucionária da história do PCdoB?
Claro que a
deputada poderá defender-se dizendo que a realidade era outra e que hoje o
partido segue linhas mais próximas ao reformismo, como
o desenvolvimentismo e a social-democracia, que são as linhas do PSB e PSDB. Mas, fora da página oficial do partido, o
que temos de informação sobre a história do PCdoB é assim simplificada na Wikipédia:
“Desde o seu
surgimento, o PCdoB seguiu diversas linhas políticas baseadas em distintas
experiências ditas comunistas pelo mundo. Surgiu sendo contrário a linha
adotada por Nikita Khrushchov na antiga União Soviética e reivindicando o legado de Josef Stalin. Nos anos 1960 adota a linha maoísta (alinhando-se com
o Partido Comunista Chinês) e passa a
praticar a tática de guerrilhas (o PCdoB é famoso pela atuação na Guerrilha
do Araguaia). Em 1978 passa a reivindicar o comunismo na Albânia (Hoxhaísmo).”
(grifo).
Não entremos, aqui, no mérito desses vínculos do PCdoB com Joseph Stalin, Mao Tsé Tung ou as práticas de guerrilha aprendidas em Cuba. Deixo para cada um o esforço de pesquisar o assunto com maior acuidade. Mas interessa à sociedade, particularmente, desnudar as propostas da deputada Jandira Feghali no trato da opinião da jornalista Rachel Sheherazade no seu trabalho no SBT.
O que se nos afigura nessa tentativa de lançar Rachel Sheherazade à fogueira das bruxas, é que o fogo vai se espalhando pelas vestes lustrosas do PCdoB dos dias atuais. A morte profissional de Rachel Sheherazade está sugerida na desproporcional punição pretendida por Jandira Feghali, mas o que passa sem cortejo é o enterro do próprio PCdoB.
O que se nos afigura nessa tentativa de lançar Rachel Sheherazade à fogueira das bruxas, é que o fogo vai se espalhando pelas vestes lustrosas do PCdoB dos dias atuais. A morte profissional de Rachel Sheherazade está sugerida na desproporcional punição pretendida por Jandira Feghali, mas o que passa sem cortejo é o enterro do próprio PCdoB.
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