terça-feira, 27 de agosto de 2013

QUE FALTA FAZ A INFRAESTRUTURA!

OPINIÃO
Millôr

Anunciam a uma só voz, do governo à oposição, da imprensa ao empresariado, que a falta de infraestrutura é o mais grave problema do nosso país. Com o mínimo de bom senso não é possível contrariar essa máxima. Mas, com um senso mais acurado, é possível demonstrar que o diagnóstico está certo, mas o remédio trata da febre (sintoma) como se fosse a própria doença. O resultado é um esforço hercúleo para colocar de pé um gigante com as pernas bambas.

Num ilustrativo e recente caso, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o Ministério Público Militar não pode julgar e condenar um civil (leia). Anos de custos de tramitação do processo até a última instância para que o STF decida o óbvio, ao custo milionário de salários, imóveis, computadores, luz, água, cafezinho, limpeza, gasolina, telefone e papel para juízes, promotores, advogados, funcionários da justiça e tantos outros. De nada serve ter uma superestrutura (constituição, leis etc) se a infraestrutura primordial está em pedaços. Claro, nesse caso, não aquela infraestrutura do mínimo bom senso (estradas, hidrovias, aeroportos etc), mas a infraestrutura que ninguém consegue enxergar: a educação.

Sem a educação (princípios) nem as leis adiantam, pois a constituição garante o direito de defesa e a condenação após a sentença final, mas os tecnoburocratas (operadores do poder público de todas as esferas), sem o mínimo daqueles conteúdos essenciais da educação extra-acadêmica, respeito às leis – que ninguém pode alegar desconhecer, respeito ao ser humano, às diferenças e à dignidade alheia, agem (à priori) como juízes de tribunais de exceção e, de ofício em ofício, papel em papel, carimbo em carimbo, vão empurrando o cidadão para o fundo do labirinto, de onde só eles conseguem sair, pois representam, com primor, o papel do Minotauro, como na mitologia grega. Querendo, pode chamar a isso de custo Brasil, mas antes terá que sair do conforto do mínimo bom senso ou do senso comum. O funcionamento capenga, irregular, pomposo, inacessível e personalista dos órgãos públicos (legislativo, executivo e judiciário) são reservas de mercado da mediocridade, alcançada por uma educação como sinônimo de escolarização e academicismo.
Duas frases e um poema são suficientes para restabelecer o foco central da infraestrutura que o país precisa, sem a qual as estradas, aeroportos e portos serão miragens eternamente insuficientes: “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele (Immanuel Kant) e  Um título universitário não te encurta as orelhas: só as esconde (E. Hubbard).

 
PRINCÍPIOS
O homem educado
conhece a lei e a respeita
para o seu bem
e o bem de outrem

O homem cultural
quando desconhece a lei
age com parcimônia
e dela não se afasta

O homem natural
da lei não se separa
pois tem nele
o que não lei se cala


(www.chicomorbeck.blogspot.com)
 

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