quarta-feira, 11 de setembro de 2013

COMEÇOU O CARNAVAL: ALERJ PROIBE O USO DE MÁSCARAS NAS MANIFESTAÇÕES

OPINIÃO


O Estado autoritário ainda prevalece no Brasil e a culpa é nossa. Sua última versão - a ditadura militar que aqui se instalou em 1964, ainda prevalece no modelo de organização e no sarcasmo com que os direitos constitucionais são tratados pelas polícias e órgãos de justiça. Durante a ditadura, se o preso falasse em chamar um advogado, isso era prova de que ele era subversivo e a agressão, desaparecimento amarildístico ou tortura era certa. Se fosse jornalista então... O que mudou?

A diferença entre as ocupações de rua que redundaram na aterrissagem suave de nossa ditadura militar e as atuais, é que a primeira foi impulsionada pela crise econômica (inflação, salários achatados, desemprego etc) para recuperação da situação de cada um e as atuais são fruto de uma crise superior: a crise de princípios e valores que nos remete aos interesses de toda a sociedade. >>>


Para que não se confundam as coisas, é bom que se diga que a crise econômica brasileira de 1973 – provocada pelo brusco aumento do petróleo pela OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), está no olho do furacão das manifestações que se seguiram até a aprovação das eleições diretas em 1984. Muito pouco teria sido possível sem essa crise, que tirou o barril de petróleo da casa dos U$5 dólares (1973) para U$40 dólares em 1980. No auge dessa crise, os reajustes de preço de todos os produtos e serviços acompanhavam o aumento do preço da gasolina na bomba do posto. Imagine o caos. O racionamento foi instalado e os postos foram fechados nos finais de semana e feriados. Claro, os salários não eram corrigidos com a mesma velocidade. Essa característica da política econômica da ditadura militar, hoje caída no esquecimento, foi o estopim para a retomada das ruas pelos estudantes, seguido dos movimentos sociais contra a inflação e dos sindicatos por reposições salariais. Com isso a ditadura veio abaixo, mesmo que suas máscaras ainda não tenham sido totalmente tiradas.
Na luta social atual, que as Águas de Junho significaram e significam para o Brasil, as máscaras do poder vão caindo rapidamente. Primeiro pelas declarações (Alkimin e Haddad, em SP) de que os aumentos das passagens não seriam cancelados (o Brasil todo cancelou, até nos menores municípios). Depois pela tentativa de invadir a privacidade das comunicações dos manifestantes presos (Cabral e MP, no RJ). Agora pela criminalização do uso de máscaras nas manifestações, em que não importa se o cara está cometendo algum crime ou não. As mulheres que usam burca serão presas se comparecerem às manifestações?. O Rio de Janeiro dá uma clara demonstração de que a transferência da capital para o planalto central foi uma medida acertada. Mesmo depois de Brasília completar 53 ano, no Rio de Janeiro prevalece o provincianismo de quem está no poder (manda quem pode, obedece quem tem juízo) e a prepotência de pretender aprovar uma lei na assembleia estadual sobre matéria de competência do Congresso Nacional. O Rio de Janeiro continua lindo, apesar dos seus podres poderes.

A famigerada Lei aprovada pela Alerj, proposta pelos deputados Domingos Brazão e Paulo Melo, ambos do PMDB, está nas mãos do governador Sérgio Cabral, que poderá (ou não) sancioná-la nos próximos 15 dias. O curioso é que a lei “permite” que as máscaras sejam usadas no carnaval !!! Veja como o autoritarismo vai invadindo a rua, o portão, a porta, a sala e, daqui a pouco, vai querer dormir na nossa cama.
Já que pode usar máscara no Carnaval, peço aos colegas internautas que gravem esse samba enredo, chamado REVOLU e vamos fazer o grande carnaval:


REVOLU
De Chico Morbeck
Revolu, mascarado
É o começo do recado
Criminoso não sou não
Ocupar as avenidas
Acabar com essas medidas
Do Brasil na contramão
Você de barriga cheia
De gravata e pé-de-meia
Pode até titubear
Mas se fores da balada
Com certeza a pátria amada
Vai trazer você pra cá
Vai ser um grande carnaval
Uns dez dias tá legal
Samba, frevo, axé e reggae
No avanço inicial
E no passo da marchinha
Você vai entrar na minha
Ritmando o carnaval
E daí,
No requebro gostoso da dança
No balanço que faz se quadril
Abre alas pra essa esperança
Já raiô revolu no Brasil
Revolu