OPINIÃO
A diferença entre as ocupações de rua que redundaram na aterrissagem suave de nossa ditadura militar e as atuais, é que a primeira foi impulsionada pela crise econômica (inflação, salários achatados, desemprego etc) para recuperação da situação de cada um e as atuais são fruto de uma crise superior: a crise de princípios e valores que nos remete aos interesses de toda a sociedade. >>>
Para que não se confundam as coisas, é bom que se diga que a crise econômica brasileira de 1973 – provocada pelo brusco aumento do petróleo pela OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo), está no olho do furacão das manifestações que se seguiram até a aprovação das eleições diretas em 1984. Muito pouco teria sido possível sem essa crise, que tirou o barril de petróleo da casa dos U$5 dólares (1973) para U$40 dólares em 1980. No auge dessa crise, os reajustes de preço de todos os produtos e serviços acompanhavam o aumento do preço da gasolina na bomba do posto. Imagine o caos. O racionamento foi instalado e os postos foram fechados nos finais de semana e feriados. Claro, os salários não eram corrigidos com a mesma velocidade. Essa característica da política econômica da ditadura militar, hoje caída no esquecimento, foi o estopim para a retomada das ruas pelos estudantes, seguido dos movimentos sociais contra a inflação e dos sindicatos por reposições salariais. Com isso a ditadura veio abaixo, mesmo que suas máscaras ainda não tenham sido totalmente tiradas.
Na luta social atual, que as Águas de Junho significaram e significam para o Brasil, as máscaras do poder vão caindo rapidamente. Primeiro pelas declarações (Alkimin e Haddad, em SP) de que os aumentos das passagens não seriam cancelados (o Brasil todo cancelou, até nos menores municípios). Depois pela tentativa de invadir a privacidade das comunicações dos manifestantes presos (Cabral e MP, no RJ). Agora pela criminalização do uso de máscaras nas manifestações, em que não importa se o cara está cometendo algum crime ou não. As mulheres que usam burca serão presas se comparecerem às manifestações?. O Rio de Janeiro dá uma clara demonstração de que a transferência da capital para o planalto central foi uma medida acertada. Mesmo depois de Brasília completar 53 ano, no Rio de Janeiro prevalece o provincianismo de quem está no poder (manda quem pode, obedece quem tem juízo) e a prepotência de pretender aprovar uma lei na assembleia estadual sobre matéria de competência do Congresso Nacional. O Rio de Janeiro continua lindo, apesar dos seus podres poderes.
A famigerada Lei aprovada pela Alerj, proposta pelos deputados Domingos Brazão e Paulo Melo, ambos do PMDB, está nas mãos do governador Sérgio Cabral, que poderá (ou não) sancioná-la nos próximos 15 dias. O curioso é que a lei “permite” que as máscaras sejam usadas no carnaval !!! Veja como o autoritarismo vai invadindo a rua, o portão, a porta, a sala e, daqui a pouco, vai querer dormir na nossa cama.
Já que pode usar máscara no Carnaval, peço aos colegas internautas que gravem esse samba enredo, chamado REVOLU e vamos fazer o grande carnaval:
REVOLU
De Chico Morbeck
De Chico Morbeck
Revolu, mascarado
É o começo do recado
Criminoso não sou não
É o começo do recado
Criminoso não sou não
Ocupar as avenidas
Acabar com essas medidas
Do Brasil na contramão
Acabar com essas medidas
Do Brasil na contramão
Você de barriga cheia
De gravata e pé-de-meia
Pode até titubear
De gravata e pé-de-meia
Pode até titubear
Mas se fores da balada
Com certeza a pátria amada
Vai trazer você pra cá
Com certeza a pátria amada
Vai trazer você pra cá
Vai ser um grande carnaval
Uns dez dias tá legal
Samba, frevo, axé e reggae
No avanço inicial
Uns dez dias tá legal
Samba, frevo, axé e reggae
No avanço inicial
E no passo da marchinha
Você vai entrar na minha
Ritmando o carnaval
E daí,
Você vai entrar na minha
Ritmando o carnaval
E daí,
No requebro gostoso da dança
No balanço que faz se quadril
Abre alas pra essa esperança
Já raiô revolu no Brasil
Revolu
No balanço que faz se quadril
Abre alas pra essa esperança
Já raiô revolu no Brasil
Revolu