Poucas vezes assistimos no Brasil um governo
arregaçar as mangas para resolver um problema nacional. Está aí a dengue que
não nos deixa dúvida. Todo ano é a mesma coisa e as pessoas continuam morrendo.
Já existe solução tecnológica superior ao “fumacê”, mas a Funasa tem uma
quedinha inexplicável por essa solução de combate ao mosquito – solução que não
deixa rastro e se esvai com o vento... Quanto é gasto, quem recebe, se está
tudo limpo nesse procedimento de bilhões de reais, ninguém sabe. Se não há
denúncia da imprensa, podemos supor que está tudo dentro da lei? Quem dera a
imprensa do Brasil fosse financiada por seus leitores... talvez assim ela
tivesse fôlego para tratar desse assunto também. >>>
A medicina brasileira se sustenta na falácia de
ser medicina de ponta – tecnológica. Uma medicina ineficiente e tão cara que nenhum
governo conseguirá universalizá-la como deveria. Perdoem-me os bons profissionais
(e os há), mas a medicina se alimenta de falácias: os médicos tem acordos com a
indústria farmacêutica para indicar remédios e dizem que não tem; tem acordos
com laboratórios para indicar exames e dizem que não tem; fazem exames desnecessários
para ganhar unzinho por fora mas dizem que não fazem isso; no horário de
trabalho nos hospitais públicos deixam a fila esperando para atender um
particular no consultório ao lado do hospital (já reparou como está cheio de
consultórios e laboratórios justo ao lado dos hospitais públicos?); dormem no
emprego e dizem que não (nem vigia dorme no emprego, mas médico dorme...). Quem
poderá nos salvar dessa elevadíssima ética profissional? Chapolim Colorado ou
os médicos cubanos?
Olha, não tenho amores pela ilha de Fidel. Deus
que me livre daquele socialismo onde não há liberdade de ir e vir (nem à pé?) nem
liberdade pra falar o que pensa. É, porque pensar sem falar é coisa pra monge
budista, e socialista não gosta dessas abstrações idealistas e metafísicas.
Quer dizer que não vou aprender errando o caminho ou dizendo algo que não
deveria dizer? Tô fora, desculpe. Na vida aprendi muito mais errando do que
acertando. Respeito, sim respeito. Se não devo admitir que tenho A VERDADE,
então respeito. No entanto, tenho amores pela medicina da ilha: ela não é
tecnológica como a nossa...
Se você leu até aqui sem perguntar se eu era
médico ou especialista, então você não é médico. Para os deuses da medicina
somente especialista podem falar sobre o assunto. Cidadão? Brasileiro? Nesse
caso, censura e proibição. Nessa hora nem se lembram que imitam Fidel.
Não posso, não vou e não devo, por conseguinte,
concordar que os médicos cubanos devem ser devolvidos porque são ESCRAVOS DE
FIDEL. Essa é mais uma falácia dos nossos doutores. Os mesmos que compram equipamentos
(baratinhos!) da China e não se importam se lá o salário é irrisório, se não há
leis trabalhistas (férias de 30 dias por ano, 13º, Fundo de Garantia etc). Os
mesmos que compram remédios dos laboratórios dos países ricos e não se
preocupam se eles jogam bombas e invadem os países que não favoreçam o vai e
vem de seus produtos e de seu modelo de civilização. Falácias, engodo! Se eles
são escravos, que se libertem com suas próprias pernas. Só a arrogância pode
imaginar que a liberdade é “coisa” que se dá a alguém. Quando a gente dá
liberdade é a nossa liberdade que estará em uso. A liberdade, individual ou
coletiva, é uma conquista. Hoje o povo brasileiro é escravo dessa medicina de
deuses, exames e farmácias. E se for por aí (no erro de aceitar os médicos cubanos, que seja) que aprenderemos
a construir uma nova medicina para o Brasil?
Se é sincera a preocupação com a escravidão dos
médicos cubanos, que os nossos médicos façam alguma coisa pelos milhões de escravos
brasileiros, homens e mulheres que carregam a vida nas costas, sem acesso à
saúde, à educação e à cultura. Que façam alguma coisa pelos médicos residentes,
escravos brasileiros submetidos à péssimas condições de aprendizagem nos
hospitais do país, inclusive substituindo os médicos fujões... O que me parece,
sinceramente, é que a ameaça que os médicos cubanos fazem aos médicos
brasileiros e estarem sob constante vigilância... Esse é o perigo por trás
dessa cortina de fumaça. Já pensou se o povo brasileiro aprende que os nossos
médicos precisam ser vigiados também? Seria o fim do reinado da prepotência, da
falta de ética, da falta de respeito ao ser humano e do consultoriozinho colado
no hospital público para uma fugidinha regular em busca de uns trocados. Esse
conflito interessa ao povo brasileiro. É com ele que aprenderemos a discutir
essa caixa preta da medicina nacional.
Escravos do mundo, uni-vos! Nada mais tendes a
perder do que vossos grilhões!
Mais médicos, sejam benvindos.
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