segunda-feira, 2 de setembro de 2013

MAIS MÉDICOS COLOCA NOSSOS MÉDICOS NA BERLINDA

OPINIÃO

Poucas vezes assistimos no Brasil um governo arregaçar as mangas para resolver um problema nacional. Está aí a dengue que não nos deixa dúvida. Todo ano é a mesma coisa e as pessoas continuam morrendo. Já existe solução tecnológica superior ao “fumacê”, mas a Funasa tem uma quedinha inexplicável por essa solução de combate ao mosquito – solução que não deixa rastro e se esvai com o vento... Quanto é gasto, quem recebe, se está tudo limpo nesse procedimento de bilhões de reais, ninguém sabe. Se não há denúncia da imprensa, podemos supor que está tudo dentro da lei? Quem dera a imprensa do Brasil fosse financiada por seus leitores... talvez assim ela tivesse fôlego para tratar desse assunto também. >>>

A medicina brasileira se sustenta na falácia de ser medicina de ponta – tecnológica. Uma medicina ineficiente e tão cara que nenhum governo conseguirá universalizá-la como deveria. Perdoem-me os bons profissionais (e os há), mas a medicina se alimenta de falácias: os médicos tem acordos com a indústria farmacêutica para indicar remédios e dizem que não tem; tem acordos com laboratórios para indicar exames e dizem que não tem; fazem exames desnecessários para ganhar unzinho por fora mas dizem que não fazem isso; no horário de trabalho nos hospitais públicos deixam a fila esperando para atender um particular no consultório ao lado do hospital (já reparou como está cheio de consultórios e laboratórios justo ao lado dos hospitais públicos?); dormem no emprego e dizem que não (nem vigia dorme no emprego, mas médico dorme...). Quem poderá nos salvar dessa elevadíssima ética profissional? Chapolim Colorado ou os médicos cubanos?
Olha, não tenho amores pela ilha de Fidel. Deus que me livre daquele socialismo onde não há liberdade de ir e vir (nem à pé?) nem liberdade pra falar o que pensa. É, porque pensar sem falar é coisa pra monge budista, e socialista não gosta dessas abstrações idealistas e metafísicas. Quer dizer que não vou aprender errando o caminho ou dizendo algo que não deveria dizer? Tô fora, desculpe. Na vida aprendi muito mais errando do que acertando. Respeito, sim respeito. Se não devo admitir que tenho A VERDADE, então respeito. No entanto, tenho amores pela medicina da ilha: ela não é tecnológica como a nossa...
Se você leu até aqui sem perguntar se eu era médico ou especialista, então você não é médico. Para os deuses da medicina somente especialista podem falar sobre o assunto. Cidadão? Brasileiro? Nesse caso, censura e proibição. Nessa hora nem se lembram que imitam Fidel.
Não posso, não vou e não devo, por conseguinte, concordar que os médicos cubanos devem ser devolvidos porque são ESCRAVOS DE FIDEL. Essa é mais uma falácia dos nossos doutores. Os mesmos que compram equipamentos (baratinhos!) da China e não se importam se lá o salário é irrisório, se não há leis trabalhistas (férias de 30 dias por ano, 13º, Fundo de Garantia etc). Os mesmos que compram remédios dos laboratórios dos países ricos e não se preocupam se eles jogam bombas e invadem os países que não favoreçam o vai e vem de seus produtos e de seu modelo de civilização. Falácias, engodo! Se eles são escravos, que se libertem com suas próprias pernas. Só a arrogância pode imaginar que a liberdade é “coisa” que se dá a alguém. Quando a gente dá liberdade é a nossa liberdade que estará em uso. A liberdade, individual ou coletiva, é uma conquista. Hoje o povo brasileiro é escravo dessa medicina de deuses, exames e farmácias. E se for por aí (no erro de aceitar os médicos cubanos, que seja) que aprenderemos a construir uma nova medicina para o Brasil?
Se é sincera a preocupação com a escravidão dos médicos cubanos, que os nossos médicos façam alguma coisa pelos milhões de escravos brasileiros, homens e mulheres que carregam a vida nas costas, sem acesso à saúde, à educação e à cultura. Que façam alguma coisa pelos médicos residentes, escravos brasileiros submetidos à péssimas condições de aprendizagem nos hospitais do país, inclusive substituindo os médicos fujões... O que me parece, sinceramente, é que a ameaça que os médicos cubanos fazem aos médicos brasileiros e estarem sob constante vigilância... Esse é o perigo por trás dessa cortina de fumaça. Já pensou se o povo brasileiro aprende que os nossos médicos precisam ser vigiados também? Seria o fim do reinado da prepotência, da falta de ética, da falta de respeito ao ser humano e do consultoriozinho colado no hospital público para uma fugidinha regular em busca de uns trocados. Esse conflito interessa ao povo brasileiro. É com ele que aprenderemos a discutir essa caixa preta da medicina nacional.
Escravos do mundo, uni-vos! Nada mais tendes a perder do que vossos grilhões!
Mais médicos, sejam benvindos.

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