OPINIÃO
Depois da espetacular
criação da Secretaria de Transparência e Controle, que ilude a população do
Distrito Federal com pretensa moralidade, mas não passa de polícia política do governador
Agnelo para fritar quem ouse atravessar em seu caminho, temos mais um indício da
construção de um estado policial.
Dois estudantes da UnB de posse de uma faixa
com um frase infeliz (equivocada, é claro) é a bola da vez dos algozes da
moralidade institucionalizada no governo federal.
Conforme publicado no Estadão neste sábado, na avaliação da Secretaria das
Mulheres, a condenação criminal por apologia é fundamentalpara mostrar que conduta semelhante à dos jovens não pode ser tolerada. "Para a Secretaria de Política para Mulheres existem duas coisas fundamentais. Para nós, estupro é crime. E qualquer apologia ou tolerância também", destacou a secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Aparecida Gonçalves, que fez representação do caso para o Ministério Público.
O que fazem essas senhoras? Não assistem a apologia ao sexo fácil e à
prostituição nas novelas brasileiras na sessão da tarde e nos horários nobres? Não
assistem aos programas de auditório com dançarinas profissionais que tem seus
corpos expostos como mercadoria todas as semanas? Por que a fúria contra dois
estudantes e nada contra a Rede Globo, a Rede Record e as outras que fazem apologia
à banalização do sexo e das opções de gênero, antecipando e estimulando crianças
e pré-adolescentes ao jogo da sedução como valor social, muito antes deles
terem aprendido a ler e a escrever corretamente?
Beira ao escárnio o gesto insano de “queimar os bruxos” que a Secretaria
de Política para as Mulheres move contra os acusados. Acaso não se deveria
pedir a retratação dos mesmos? Um esclarecimento mínimo que lhes permita usar o
direito de defesa, cláusula pétrea da constituição? Onde anda o perdão, a
indulgência, a tolerância e a compreensão tão próprios do gênero feminino que
muito tem a ensinar aos homens? Quem sofreu o crime da frase infeliz do cartaz?
Seria então o caso de acusar, de tentativas de crime contra a democracia ou
incitação à violência ou à sublevação, os portadores de cartazes das
manifestações dizendo “Fora Cabral”, “Já que a bomba é de efeito moral,
joga no Congresso Nacional” e “Quando injustiça se torna rotina revolução
se torna dever”.
A resposta para a prontidão militariosa e equivocada da Secretaria de
Política para as Mulheres vem da Vice-Procuradora Geral da República, Débora
Duprat, “Não cabe ao Estado fazer qualquer juízo de valor sobre a opinião de
quem quer que seja. Se permitíssemos isso, nós permitiríamos que o Estado
proibisse a opinião da minoria, que é a antítese da democracia”. O
Estado existe para promover políticas e não para agir como polícia.
Chico Morbeck
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